Resumo: V. I. Lênin. O imperialismo; fase superior do capitalismo (ensaio popular). In: Sd., Obras Escolhidas. São Paulo. Alfa – Ômega, 1979, p. 575 a 671.
A concentração da produção e os monopólios:
A concentração da produção aconteceu de forma cada vez mais intensa a partir do ano de 1900. Quase metade da produção global de todas as empresas de países como Alemanha e Estados Unidos estavam nas mãos de uma centésima parte do total constituindo as grandes empresas, conduzindo diretamente ao monopólio.
Um dos fatores que levaram a acelerar a concentração de produção e a constituição de monopólios, cartéis e sindicatos na Alemanha, foram às elevadas tarifas alfandegárias das indústrias. No caso da Inglaterra a concentração determinou o uso de enormes capitais nas empresas tornando-as exigir capitais cada vez mais elevados dificultando o seu aparecimento. As associações monopolistas na Inglaterra só surgiram quando o número das principais empresas concorrente se reduzia.
A livre concorrência gera a concentração da produção que conduz ao monopólio. A formação dos monopólios surgiu nas décadas de 1860 e 1870 com a livre concorrência em alto desenvolvimento nesta época, onde os monopólios constituíam apenas como germes impercebíveis. Com a depressão de 1873, durante o breve período de ascensão de 1889 a 1890 foram utilizados os cartéis para aproveitar a conjuntura, elevando os preços com rapidez, porém com um período passageiro. Já em 1900 a 1903 os cartéis passam a ser uma das bases da economia, concentrando grande parte de toda a produção de determinado ramo industrial, onde o capitalismo transformou-se em imperialismo.
Os cartéis estabelecem entre si acordos sobre as condições de venda, os prazos de pagamento, repartem mercado de venda, fixam quantidade de fabricação dos produtos, estabelecem preços e distribuem os lucros entre as diferentes empresas. Já os monopólios garantem lucros enormes e conduz a criação de unidades técnicas de produção de proporção imensas. O trusts dos Estados Unidos surgiu em 1900, dando superioridade sobre os concorrentes das empresas, em algumas vezes, baseava-se nas grandes proporções das suas empresas e no seu excelente equipamento técnico, montando suas próprias fundições, fábricas de maquinaria e oficinas de reparação, aperfeiçoando inventos relacionados com a produção, etc.
A concentração apoderou-se e repartiram entre si todas as fontes de matérias-primas de um país, a mão-de-obra qualificada, as vias de transportes, etc. A produção era social, mas a apropriação era privada. Os empresários que não faziam parte dos cartéis sofriam conseqüências desleais desses meios, como privação de matérias-primas, mão de obra, meios de transportes, diminuição dos preços para prejudicar os pequenos, chegando a vender a preços inferiores ao custo, etc.
Assim, o desenvolvimento do capitalismo fez com que os lucros fossem parar nas mãos dos gênios das maquinações financeiras, com base na socialização da produção. O monopólio aumenta e agrava o caos próprio de todo o sistema de produção capitalista, entre o desenvolvimento da agricultura e da indústria. Já as crises favorecem e aumentam em grandes proporções, a tendência para a concentração e para o monopólio.
Os bancos e o seu novo papel:
A operação fundamental e inicial que os bancos realizam é a de intermediários nos pagamento, convertendo o capital-dinheiro em capital ativo que rende lucro, colocando a disposição dos capitalistas. A medida que vão aumentando as operações bancárias, se concentram num número reduzido de estabelecimentos, convertem-se em monopolistas dispondo quase todo o capital-dinheiro, meios de produção e das fontes de matérias-primas.
Os grandes estabelecimentos, particularmente os bancos, incorporam os pequenos, incluindo-os no seu grupo, por meio da participação no seu capital, da compra ou troca de ações, sistema de créditos, etc. Um banco que se encontra a frente de um grupo para operações volumosas e lucrativas, como empréstimos públicos, deixa de ser um intermediário para se converter na aliança de monopolistas.
A concentração de capital e o aumento do movimento dos bancos modificam radicalmente a importância deles. Ao movimentar contas, a medida que essa movimentação cresce, atinge proporções gigantescas, resultando na subordinação dos monopolistas nas condições bancárias, influenciando sobre eles as transações bancárias e também nas decisões de investimentos, rentabilidade, privando-os ou aumentando-os o capital em grandes proporções.
O aumento da concentração dos bancos restringe o circulo das instituições de crédito, reduzindo o numero de grupos bancários, unificando-se ou transformando-se em trust, com a finalidade de limitar a concorrência. Surgiu assim, a união pessoal dos bancos com grandes empresas e governo, mediante a posse de ações, participação da direção dos bancos e das empresas, desenvolvendo e aperfeiçoando os grandes monopólios capitalistas, dividindo o trabalho entre reis financeiros da sociedade. Dessa forma, tornam-se mais aptos para julgar os problemas gerais das indústrias e das atividades de cada setor.
Tudo isso resulta na junção do capital bancário e industrial, transformando os bancos em instituições universais, eliminando a desigualdade de distribuição de capital em diversos setores industriais. Caso contrário, os bancos chegam até a ameaçar a privação dos créditos e dos capitais para as instituições, gerando a dominação do capital financeiro.
O capital financeiro e a oligarquia financeira:
A concentração da produção, monopólios e a fusão dos bancos com a indústria, fizeram surgir o capital financeiro que nada mais é do que a fusão do capital bancário com o capital industrial. O capital industrial ou capital financeiro se encontra a disposição dos bancos e que os industriais utilizam, onde, concentrado em poucas mãos obtém lucro enorme, consolidando a dominação da oligarquia financeira e impondo a toda a sociedade um tributo em proveito dos monopolistas. Os lucros do capital financeiro são desmedidos durante os períodos de ascensão industrial, durante a depressão arruínam as pequenas empresas enquanto os grandes adquirem as mesmas a baixo preço ou fazem saneamento onde o capital em ações sofre baixas.
É próprio do capitalismo em geral, separar a propriedade do capital da sua aplicação à produção, separar o capital-dinheiro do industrial ou produtivo. O domínio do capital financeiro é o capitalismo no seu grau superior, em que essa separação adquire proporções imensas. O predomínio do capital financeiro sobre todas as demais formas de capital implica o predomínio dos rendimentos provenientes do capital-dinheiro (rinter) e da oligarquia financeira.
O começo do século XX constitui o crescimento dos monopólios e do capital financeiro. Os quatro países capitalistas mais ricos desta época – Inglaterra, França, estados Unidos e Alemanha – são avançados pela rapidez do desenvolvimento e pelo grau de difusão do monopólio capitalista de produção, onde os quatro juntos tinham cerca de 80% do capital financeiro mundial, exportando capital para outros países.
A exportação do capital:
O que caracteriza o capitalismo moderno é a exportação de capital, na qual impera o monopólio. O desenvolvimento desigual dos setores industriais e dos paises é inevitável. Se o capitalismo tivesse desenvolvido a agricultura e elevado o nível de vida da população, não haveria motivo para falar de um excedente de capital, pois o objetivo do capital é somente o lucro e não a melhoria da qualidade de vida. Através da exportação de capitais para os países atrasados, resulta em lucros elevados. A necessidade da exportação de capitais obedece ao fato de que em alguns países o capitalismo amadureceu e o capital precisa de campo para a sua lucratividade.
A exportação de capital não ocorre somente sob forma de empréstimos, mas também sob forma de financiamento, mercadorias e até instalações de fábricas nos países subordinados ao imperialismo, garantindo alta lucratividade aos capitalistas com baixos custos de produção, mão de obra barata, abundancia de matérias-primas, entre outros, retornando o lucro para as fábricas de países de origem.
O capital financeiro criou a época dos monopólios com seus princípios: utilização das relações para as transações proveitosas substituindo a concorrência no mercado aberto. A exportação de capitais passa a ser um meio de estimular a exportação de mercadorias.
A partilha do mundo entre as associações de capitais:
As associações de monopolistas (cartéis, sindicatos, trust) partilham entre si o mercado interno, apoderando-se da produção do país. Mas sob o capitalismo interno está inevitavelmente entrelaçado com o externo. A medida que foi aumentando a exportação de capitais e se foram alargando as relações com o estrangeiro e com as colônias e as esferas de influência das associações monopolistas, levou a um acordo universal entre elas, à constituição de cartéis internacionais: o supermonopólio.
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