Revolução Industrial
Quando iniciou?
“O nome Revolução Industrial foi dado por Arnold Toynbee em um trabalho de 1884 para designar uma série de transformações que se deram nos métodos e hábitos de produção e de transformação manufatureira de produtos, acarretando novos costumes, novos meios de vida, de trabalho e de locomoção. (...) Foi na Inglaterra, no século XVIII, que se deram os primeiros e mais importantes episódios desta evolução.” (Delgado de Carvalho, p.25)
O sistema solarengo (ou senhorial) estava em declínio, mas o seu regime de propriedade continuava como base a esse processo de evolução industrial. A lavoura era praticada em campo aberto onde os gados pastavam livres e os camponeses viviam em pequenas aldeias que se formavam ao redor do castelo. Aos pouco as ovelhas haviam constituído uma das principais riquezas da Inglaterra, então, resolveram transformar as terras em grandes pastagens de criação de ovelhas para produzir tecidos de lã, criando uma forte indústria nacional. Para isso, acabaram com o sistema solarengo e a servidão, redividiram as terras em campos enormes cercados, queimaram as velhas aldeias onde habitavam os servos (camponeses) expulsando-os. Estes servos foram lançados como proletários sem direitos para trabalharem na lavoura modesta ou na indústria caseira de fiação ou ainda nas manufaturas que foram surgindo nas cidades.
A mais importante conseqüência da expropriação dos camponeses foi a migração destes para as cidades a procura de trabalho nas fábricas. Com o passar do tempo, os mercados foram ampliando-se exigindo mais produção e meios para ampliá-la, isto é, as máquinas.
Invenção da máquina de tear
Uma primeira máquina para tecer meias foi inventada por um cidadão chamado Lee no tempo da Rainha Elizabeth. Outras máquinas baseadas no mesmo princípio apareceram no século XVII para bonés e luvas. Pouco depois surgiram as máquinas maiores que foram os grandes propulsores da revolução Industrial.
Com a ampliação de novas técnicas, multiplicaram-se as máquinas e os operários não podiam mais executar seus trabalhos caseiros tendo que usar máquinas do patrão e suas instalações passou a ser os locais de trabalho, nascendo dessa forma, as manufaturas. Tudo isso causou oposição aos tecelões caseiros, sendo assim, muitos destruíram máquinas que foram sendo inventadas, mas não conseguiram vence-las.
A fábrica
O crescimento dos mercados necessitava de uma produção maior e mais barata, exigindo maquinismos novos movidos a água ou a vapor em instalações mais amplas. Para isso, concentraram os operários nas manufaturas perto das fontes de energia (água ou carvão).
Na fábrica não havia nem leis nem regras que regulassem o trabalho, contratando operários com carga horária cada vez maior por salários cada vez mais baixos, sem cuidar da saúde e bem estar destes.
Foi na indústria têxtil que os progressos foram mais rápidos e decisivos na produção mecânica. Os fatos mais importantes em ordem cronológica foram:
1733 foi inventado a lançadeira por Jhon Kay, permitindo uma tecelagem mais rápida e peças de tecidos mais largas.
1764 foi inventado o filatório por James Hargreaves, onde vários fusos trabalhavam ao mesmo tempo com pedais e correias.
1768 o barbeiro Arkwright aperfeiçoou a máquina movida a água.
1784 foi criado o tear movido a vapor por Edmund cart Wright.
1792 o americano Eli Whtney inventou a cotton, que descaroçava algodão.
Surgimento da máquina a vapor
O fator que mais impulsionou a revolução industrial foi a máquina a vapor que veio substituir as máquinas de força motriz, pedais e manivelas. Até então já existiam máquinas para levar água nas minas de cobre e estanho. Porém, foi James Watt em 1769 que criou a máquina a vapor movida a carvão.
Watt formou uma proveitosa sociedade comercial com Matthew Boulton (1728-1809), industrial em Birmingham, que compra a patente de Watt em 1774, possibilitando o desenvolvimento de suas idéias, e a melhora da máquina em muitos outros aspectos, aumentando sua eficiência significativamente. Em 1776 as duas primeiras máquinas a vapor projetadas por Watt são instaladas em uma mina e em uma siderúrgica.
Em 1785 Watt e Boulton tornou-se membro da Royal Society. Em 1790 Watt completa os aperfeiçoamentos da sua máquina a vapor, a qual veio a receber seu nome, e que se tornou fundamental para o sucesso da revolução industrial. Muito rapidamente sua máquina começou a ser empregada para o bombeamento de água de minas e para o acionamento de máquinas em moinhos de farinha, fiações e tecelagens e na fabricação de papel.
A energia a vapor possibilitou o crescimento da mineração, da metalurgia, da tecelagem e dos transportes; foi aplicada às máquinas de bombear a água e de içar os minérios do fundo das minas, tornando o carvão mais barato; movimentou fábricas de fiação, de tecidos, de cerveja, de papel e moinhos de grãos.
As inovações tecnológicas atingiram a indústria metalúrgica com a invenção do laminador para a fabricação de chapas de ferro e com o método de pudlagem que eliminava o carbono do minério de ferro, produzindo um metal de melhor qualidade e mais forte. 0 ferro foi utilizado na fabricação de máquinas mais resistentes, que podiam ser moldadas de forma padronizada, substituindo a madeira.
O uso do ferro e da energia a vapor permitiu a invenção de barco a vapor (1807), da locomotiva a vapor (1822) e de ferrovias de uso comercial facilitando e barateando o transporte a longa distância de matérias primas, mercadorias e passageiros. Criaram-se também melhores arados e generalizou-se o uso da debulhadora e da ceifadeira, A máquina a vapor e a indústria do ferro contribuíram para a primeira arrancada da Revolução Industrial. O mundo industrial tornou-se como uma imensa fábrica, onde a aceleração do motor, sua desaceleração e suas paralisações modificam a atividade dos operários e regulam a produtividade.
Conseqüências após o surgimento do vapor
Com o vapor, as fábricas passaram a localizar-se nos arredores das cidades, onde contratavam trabalhadores. Até o século XVIII, cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5 000 habitantes. Em decorrência da industrialização, a população urbana cresceu e as cidades modificaram-se. As cidades tornaram-se feias e negras, envoltas numa atmosfera fumarenta, estendendo por todos os lados seus subúrbios mal construídos desenvolvendo uma vida urbana ainda desconhecida.
Revolução Industrial nos Estados Unidos
Depois da independência dos estados Unidos cerca de 80% da população dedicavam-se à agricultura e o restante da população dedicava-se a pequena indústria como: cortumes, fundição, construção de botes e carros, tecidos que era um trabalho caseiro, etc.
Era difícil competir com a Inglaterra o berço da revolução industrial, onde dificultava as importações de máquinas e a emigração de operários qualificados. Os estados Unidos não havia técnicos, faltava capital, sendo estes fatores fundamentais para a solidificação da indústria nacional.
A mais importante invenção para a indústria foi o cotton gin de Eli Whitney que desencaroçava o algodão, isto é, permitiu abastecer as indústrias do próprio país e da Inglaterra.
Expansão industrial
A expansão industrial é conhecida como a segunda fase da revolução industrial (de 1860 a 1900) é caracterizada pela difusão dos princípios de industrialização na França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Cresce a concorrência e a indústria de bens de produção. Nessa fase as principais mudanças no processo produtivo são as utilizações de novas formas de energia (elétrica e derivada de petróleo), o aparecimento de novos produtos químicos e a substituição do ferro pelo aço.
A ciência e a tecnologia contribuem para o aumento da produtividade, onde empresas começam a financiar tanto a pesquisa básica como a aplicada. Ao contrário do empirismo tecnológico, totalmente dissociado da ciência, que caracteriza a primeira revolução industrial, a dinâmica tecnológica comandada pela grande empresa se associa com a ciência acarretando uma aceleração do processo de desenvolvimento científico e tecnológico.
A nova hegemonia ficará a cargo dos EUA que, às vésperas da Primeira Grande Guerra detém 40% do PIB dos países desenvolvidos e passa a 50% ao final da Segunda Guerra. O sucesso foi atribuído a três fatores. O primeiro foi em função de uma estrutura maior de capital aberto de suas empresas, devido a serem retardatários na primeira revolução industrial. O segundo fator foi a aceleração do processo de verticalização devido à forte preocupação americana com o livre mercado e sua oposição a cartéis. O mais importante fator foi a grande adequação e aceitação da sociedade americana ao produto padronizado.
A energia elétrica está para a segunda revolução industrial assim como a máquina a vapor esteve para a primeira e com a luz elétrica as taxas de lucratividade foram elevadas, permitindo o acelerado crescimento industrial. Motores e máquinas menores e toda a parafernália eletrônica subseqüentes permitiram o desenvolvimento de um grande número de utilidades domésticas, que seriam os bens de consumo duráveis que, juntamente com o automóvel, constituem os maiores símbolos da sociedade moderna.
Relação entre Revolução Industrial e Administração
No contexto de se aumentar a produtividade do trabalho, surge o método de administração científica de Frederick W. Taylor, que se tornaria mundialmente conhecido como taylorismo: para ele o grande problema das técnicas administrativas existentes consistia no desconhecimento, pela gerência, bem como pelos trabalhadores, dos métodos ótimos de trabalho que seria efetivada pela gerência, através de experimentações sistemáticas de tempos e movimentos. Uma vez descobertos, os métodos seriam repassados aos trabalhadores que se transformavam em executores de tarefas pré-definidas.
Uma segunda concepção teórica, conhecida como fordismo, acelera o conceito de produto único de forma a intensificar as possibilidades de economia de escala no processo de montagem e se obter preços mais baixos. Com seu tradicional exemplo do Ford T, ao se valer da moderna tecnologia eletromecânica, ele desenvolve peças intercambiáveis de alta precisão que elimina a necessidade de ajustamento e, consequentemente do próprio mecânico ajustador. Sem a necessidade de ajuste, a montagem pode ser taylorizada, levando a que mecânicos semi-qualificados se especializassem na montagem de pequenas partes.
Com a introdução de linhas de montagem, eleva-se a produtividade ao minimizar o tempo de deslocamento e redução nos estoques. Muito mais importante ainda, são os ganhos dinâmicos de longo prazo, uma vez que se pode avançar com a taylorização, onde a própria linha de montagem se transforma no controlador do ritmo de trabalho. Esse cenário leva à substituição de empregados por máquinas de forma a maximizar a produtividade.
Por fim, com a expansão das escalas e dos ritmos de produção, o avanço da mecanização em sistemas dedicados se intensificará também nas unidades fornecedoras de peças, assim como nos fabricantes de matérias-primas e insumos.
Bibliografia
CARVALHO, Delgado de. História geral, v.4; civilização contemporânea. 2.ed. Rio de Janeiro, Record, 1976.
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/watt.htm (19/07/2004)
http://www.hystoria.hpg.ig.com.br/rindus02.html (19/07/2004)
http://www.ufv.br/dee/evonir/46104.htm (19/07/2004)
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