quinta-feira, 26 de junho de 2008

Depressão

Depressão


  1. Generalidades


A depressão é uma doença "do organismo como um todo", que compromete o físico, o humor e, em conseqüência, o pensamento. A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.

A depressão, enquanto evento psiquiátrico é uma doença como outra qualquer que exige tratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que bem. O amigo que realmente quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um profissional quando percebe que o amigo deprimido não está só triste.



  1. Como é?


Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação corporal como dores e enjôos. Contudo para se fazer o diagnóstico é necessário um grupo de sintomas centrais:

  • Perda de energia ou interesse

  • Humor deprimido

  • Dificuldade de concentração

  • Alterações do apetite e do sono

  • Lentificação das atividades físicas e mentais

  • Sentimento de pesar ou fracasso


Os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos os sintomas juntos. Até que se faça o diagnóstico praticamente todas as pessoas possuem explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro.

Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais são:

  • Pessimismo

  • Dificuldade de tomar decisões

  • Dificuldade para começar a fazer suas tarefas

  • Irritabilidade ou impaciência

  • Inquietação

  • Achar que não vale a pena viver; desejo de morrer

  • Chorar à-toa

  • Dificuldade para chorar

  • Sensação de que nunca vai melhorar, desesperança...

  • Dificuldade de terminar as coisas que começou

  • Sentimento de pena de si mesmo

  • Persistência de pensamentos negativos

  • Queixas freqüentes

  • Sentimentos de culpa injustificáveis

  • Boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do desejo sexual



  1. Depressão e doenças cardíacas


Os sintomas depressivos apesar de muito comuns são pouco detectados nos pacientes de atendimento em outras especialidades, o que permite o desenvolvimento e prolongamento desse problema comprometendo a qualidade de vida do indivíduo e sua recuperação. Anteriormente estudos associaram o fumo, a vida sedentária, obesidade, ao maior risco de doença cardíaca. Agora, pelas mesmas técnicas, associa-se sintoma depressivo com maior risco de desenvolver doenças cardíacas. A doença cardíaca mais envolvida com os sintomas depressivos é o infarto do miocárdio. Também não se pode concluir apressadamente que depressão provoca infarto, não é assim. Nem todo obeso, fumante ou sedentário enfarta. Essas pessoas enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, mas a incidência não é de 100%. Da mesma forma, a depressão aumenta o risco de infarto, mas numa parte dos pacientes. Está sendo investigado.



  1. A identificação da depressão


Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias, não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, não consegue ficar parado e pelo contrário movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente está deprimido.



  1. Causa da Depressão


A causa exata da depressão permanece desconhecida. A explicação mais provavelmente correta é o desequilíbrio bioquímico dos neurônios responsáveis pelo controle do estado de humor. Esta afirmação baseia-se na comprovada eficácia dos antidepressivos. O fato de ser um desequilíbrio bioquímico não exclui tratamentos não farmacológicos. O uso continuado da palavra pode levar a pessoa a obter uma compensação bioquímica. Apesar disso nunca ter sido provado, o contrário também nunca foi.

Eventos desencadeantes são muito estudados e de fato encontra-se relação entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o início de um episódio depressivo. Contudo tais eventos não podem ser responsabilizados pela manutenção da depressão. Na prática a maioria das pessoas que sofre um revés se recupera com o tempo. Se os reveses da vida causassem depressão todas as pessoas a eles submetidos estariam deprimidas e não é isto o que se observa. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depressão nas pessoas predispostas, vulneráveis. Exemplos de eventos estressantes são perda de pessoa querida, perda de emprego, mudança de habitação contra vontade, doença grave, pequenas contrariedades não são consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depressão. O que torna as pessoas vulneráveis ainda é objeto de estudos. A influência genética como em toda medicina é muito estudada. Trabalhos recentes mostram que mais do que a influência genética, o ambiente durante a infância pode predispor mais as pessoas. O fator genético é fundamental uma vez que os gêmeos idênticos ficam mais deprimidos do que os gêmeos não idênticos.


  1. O efeito da depressão na vida profissional


Um estudo da depressão no local de trabalho determinou que a doença demanda um tributo humano e econômico imenso. Além de desempenho e capacidades interpessoais prejudicados, muitos empregados deprimidos registram problemas emocionais, sensações de incompetência e perda de interesse no próprio trabalho. Alta percentagem daqueles que sofrem de depressão faz parte da força de trabalho. A cada ano, a produtividade perdida, absenteísmo e custos em saúde pública associados com essa doença custam aos contribuintes enormes somas de dinheiro.


  1. O que pode ser feito


Uma consulta com um profissional da área de saúde que possa examinar o paciente e avaliar a sua condição é o primeiro passo para a recuperação.O tratamento da depressão se encaixa em duas categorias principais: aconselhamento e terapia por droga. Nos casos de depressão de leve a moderada, algumas formas de psicoterapia têm se mostrado quase tão eficazes quanto os antidepressivos. Com a orientação das pessoas para que aprendam como corrigir os padrões de pensamento que geram perturbações de humor, a terapia pode reduzir o impacto dos estressores vitais e diminuir a possibilidade de uma recaída.

Em muitos casos de depressão, de moderada a grave, que se acredita serem de origem bioquímica, o aconselhamento é, em geral, insuficiente como forma única de tratamento. Nesses casos, o aconselhamento é combinado com antidepressivos, para restaurar no cérebro o nível natural dos elementos químicos mediadores de humor. Esta é a forma de ação mais eficaz, com o alívio dos sintomas em aproximadamente quatro a oito semanas.

Por meio de uma ou das duas opções de tratamento, estima-se que 80% a 90% dos pacientes podem vencer sua depressão.



  1. Os antidepressivos causam dependência?


As pessoas, comumente, confundem antidepressivos com tranqüilizantes, mas apenas esses últimos causam dependência. Diferentemente dos tranqüilizantes, do álcool e das anfetaminas que alteram o funcionamento normal do cérebro, os antidepressivos restabelecem esse funcionamento. Com a regulação da produção dos elementos químicos do cérebro, os antidepressivos restauram o equilíbrio sem provocar "inebriação" ou "barato" sintético. Uma pessoa que não estiver deprimida não se sentirá melhor tomando um antidepressivo.



  1. Como a família pode ajudar?


Sentimentos em relação ao familiar deprimido podem variar de tristeza, preocupação e medo, a ansiedade, culpa e raiva. No entanto, é muito importante não ficar impaciente ou exasperado com a pessoa deprimida que não responda a estímulos ou conselhos. Em geral, a vítima é incapaz de se auto-ajudar. Assim, a insistência para que ela "saia dessa" ou fazer com que ela se sinta culpada com seu comportamento com toda a probabilidade fará mais mal do que bem. Ao invés, os familiares devem procurar dar o máximo de apoio e ser o mais útil possível.

A única coisa sobre a qual se deve insistir é que o deprimido, acompanhado por um familiar, consulte um médico. Deve-se procurar fazê-lo entender que sua condição é tratável e que pode, com ajuda, voltar à sua antiga maneira de ser.

Entrementes, pode ser salutar para a família procurar um grupo de apoio, com o qual possa aprender mais sobre a doença e compartilhar suas experiências.



REFERÊNCIAS:


site: http://www.psicosite.com.br/tra/hum/depressao.htm

site: http://gballone.sites.uol.com.br/voce/dep.html#1

site: http://www.bristol.com.br/saude/depressao/mulher04.htm

(Datas de acesso: 24/11/2004)

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