quinta-feira, 26 de junho de 2008

Resumo do Livro: Maúa o Empresário do Império

Resumo: CALDEIRA, Jorge. Mauá: empresário do Império. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (557 páginas).


Irineu Evangelista de Sousa, o nosso Mauá, foi o maior empresário da época do Império com uma fortuna muito maior que a do governo, foi pioneiro na Indústria, na ferrovia e em demais setores. Nasceu em 1813 em Arroio Grande, no estado do Rio Grande do Sul vindo de uma família pobre que morava em um pequeno sítio, onde seu pai foi assassinado por ladrões de gado. Sua mãe, alguns anos depois, casou-se com outro homem que não gostava de Irineu. Assim, o garoto foi para o Rio de Janeiro com seu tio José Batista de Carvalho, marinheiro que levava charque do Rio Grande do Sul para os armazéns do Rio de Janeiro.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, Irineu foi trabalhar como caixeiro no comércio de Seu Pereira de Almeida por intermédio de seu tio. A vontade de estudar e os esforços de Irineu eram tão grandes que seu patrão o promoveu a guarda-livros da loja aos doze anos de idade. Alguns anos depois, a empresa faliu ao naufragar um navio de negros. Irineu sugeriu liquidar a firma e cobrar os clientes para salvar os bens de Seu Pereira, assim, negociou muito bem e cobrava com rigor os clientes atrasados. Um desses clientes era o fazendeiro Queiroz que também estava em crise por causa da febre que afetou seus escravos na fazenda. Não suportando as cobranças de Irineu, entrega todos os seus bens para liquidar a dívida, se matando em seguida. Um choque que Irineu carregaria pelo resto da vida. Mas, o patrão de Irineu devolve os bens a família de Queiroz a pedido do Visconde de Feitosa, um dos homens mais importantes do Império.

Meses depois, quita as dívidas da empresa de Seu Pereira ao seu credor e empresário britânico Richard Carruthers que gostou muito de Irineu, dando um trabalho em seu escritório, onde aprendeu inglês e contabilidade. Através do Senhor Carruthers, entra para a maçonaria que foi uma das portas de aprendizado dos negócios para Irineu. Irineu também participa da liquidação das ações do Banco do Brasil. Ele havia comprado as ações de seu antigo patrão, recebendo um bom dinheiro.

Carruthers resolve voltar a Inglaterra, sua terra natal, deixando os negócios no Brasil sob responsabilidade de Irineu, onde torna-se sócio minoritário aos seus 22 anos. Assim, Irineu trabalhou muito, prosperou e enriqueceu, passando a ser um homem de prestígio. Resolveu então, trazer sua mãe sua a tia e sua sobrinha Maria Joaquina do Rio Grande do Sul para morar com ele no Rio de Janeiro.

Passando algum tempo, viajou a Inglaterra para visitar seu sócio Carruthers. Em Liverpool fica impressionado com as Indústrias de lá, onde resolveu com entusiasmo trazer este progresso ao Brasil. Depois de voltar da viagem, casou-se com sua sobrinha, ao qual passou a chamá-la carinhosamente de May, esposa com qual teve vários filhos.

Mauá liquidou a empresa comercial Carruthers & Cia, para iniciar seus projetos industriais no país, com a aprovação de seu sócio Carruthers, que volta ao Brasil para batizar o primeiro filho de Mauá e também para comprar a fábrica de Ponta de Areia, que era uma companhia de fundição para construções navais. Mauá libertou os escravos desta indústria e passou a pagar-lhes salários por seus serviços, justamente por ser contra a escravidão. Tempos depois, a indústria passou a desenvolver vários outros produtos como tubos para encanamentos de água, caldeiras para máquinas a vapor, guindastes, prensas, engenhos de açúcar, aumentando o quadro de funcionários para mais de mil em apenas um ano.

O Imperador e o Visconde de Feitosa passaram a considerar Mauá um inimigo do país, por achar que seus projetos desviavam o rumo do Brasil de sua vocação agrícola e que Mauá, estava enfraquecendo o Império. E por causa disso, o Imperador concedeu as obras de encanação da cidade do Rio de Janeiro para Mauá, porém não paga por elas com intensão de falir-lho. Assim, Mauá passa pela sua primeira dificuldade financeira.

Com o fim do tráfico de escravos, Irineu teve a grande idéia de fundar o novo Banco do Brasil para concentrar o dinheiro dos fazendeiros que antes promovia o comércio da escravidão e financiar projetos com juros baixos. Também financia a guerra do Uruguai a pedido de seu amigo Marquês do Paraná e de Dom Pedro II, em troca, cobraria as rendas da alfândega como forma de pagamento se desse certo. Mauá também cria a Companhia de Navegação do Amazonas e constrói a primeira estrada de ferro do Brasil entre a serra de Petrópolis e Rio de Janeiro, recebendo neste dia o título de Barão de Mauá.

Junto com capitalistas ingleses, participou da construção da segunda e terceira ferrovias do Brasil e inaugurou a companhia de iluminação a gás no Rio de Janeiro, Mesmo sendo pioneiro em todas estas obras, Barão de Mauá continuava sendo mal visto por fazendeiros, políticos conservadores e até mesmo pelo Imperador.

De tanto ser barrado em seus projetos no Brasil, Barão de Mauá resolveu investir no Uruguai fundando o Banco Mauá y Cia, emitindo bilhetes substituindo o ouro das transações daquele país, porém seus sócios, principalmente Carruthers discordaram da idéia por achar muito perigosa a instabilidade daquele país, no entanto, Irineu levanta capital em Londres e abre seu banco no Uruguai.

Por ter uma grande reputação em Londres, consegue vários financiamentos para seus projetos. Junto com seus sócios ingleses, inaugura a construção da estrada de ferro São Paulo-Jundiaí. Seus negócios iam muito bem até que houve um incêndio criminoso na Indústria de Ponta de Areia, levando muito prejuízo.

Barão de Mauá também criou uma espécie de casa de câmbio, disponibilizando cerca de 30% de seu capital, onde trocava mil-réis por libras mais baratas que as dos concorrentes, atraindo os investidores. E com a crise por falta de moedas brasileiras no país, Irineu vende suas moedas mil-réis que trocava anteriormente por libras ganhando muito dinheiro, o que deixou seus sócios ingleses furiosos por terem levado um prejuízo de 1 milhão de libras. Os ingleses romperam a sociedade com Mauá na construção da ferrovia São Paulo-Jundiaí e resolvem abrir um banco no Brasil concorrente ao de Mauá.

Com os ventos soprando contra Barão de Mauá, vai a Inglaterra pra vender sua Companhia de Iluminação a gás, a empresa de valor mais estimado, para levantar capital para superar a crise da perseguição no Brasil e a guerra no Paraguai que colocava em risco seus negócios no Uruguai. Para recuperar um pouco de prestígio junto ao Imperador, Mauá resolve realizar um dos maiores sonhos de Dom Pedro II, que era de instalar cabos telegráficos que ligavam o Brasil a Europa, recebendo dessa forma, o título de Visconde de Mauá.

Uma série de fatores levou Mauá a falência. Um deles foi colocar dinheiro no Uruguai e abrir o Banco Mauá que com as crises políticas, o governo uruguaio obrigou Mauá a trocar o papel moeda por ouro e o não pagamento em ouro aos correntistas acarretou a liquidação do banco ao governo. Resultado, Irineu perdeu o banco para o governo, ficou com uma ferrovia inacabada, teve seu outro banco abalado nos alicerces, viu morrer sua maior fábrica no Brasil, o governo atuou contra seus projetos no Prata e ainda por cima o banco inglês ganhou tudo o que Mauá jamais teve do Império.

Irineu procura ajuda ao Imperador, mas Dom Pedro II vira-lhe as costas. Mauá pediu moratória de três anos para tentar salvar seus negócios, caso contrário entregaria seus bens ao Império. Enquanto isso o caso da ferrovia Santos-Jundiaí foi levada na justiça e Irineu pediu indenização aos ingleses exigindo 8 mil-réis que era de direito. No entanto, o juiz transferiu o caso para a Inglaterra.

Mas não houve solução ninguém estava do lado de Mauá que lutou pelo progresso de um país escravista, mas os homens só buscavam o progresso se não colocassem em risco seus privilégios, onde o mercado era dependente do governo. Foi decretado falência da Casa Mauá e o fechamento de todos os seus estabelecimentos no Brasil, cassando aos 64 anos de idade, o registro de comerciante de Irineu, impedindo-o de comercializar no país. E ainda por cima leiloaram todos os seus bens.

Irineu resolve reconstruir sua vida junto com sua esposa numa casa alugada no centro do Rio de Janeiro. Mas Irineu se refaz em Londres montando uma empresa com alguns sócios ganhando dinheiro como intermediário de negócios recebendo comissões. Dessa forma, dez anos após a sua falência, pagou por todas as suas dívidas e recuperou seu registro de comerciante, voltando a ser um dos homens mais ricos. Morreu em 1889, aos 76 anos de idade, poucas semanas antes da proclamação da República do Brasil.